segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Teologia Contemporânea e a filosofia humanística - de antininamartins2012@gmail.com

                                         Afinal ! A que veio o humanismo ?
       Bom ! O humanismo renascentista de acordo com Tiago Adão Lara, Professor da uni
versidade Federal  de Uberlândia, a partir do qual a perspectiva medieval teocêntrica,
começou  a perder a hegemonia, em favor da perspectiva antropocêntrica. São apontadas as
linhas de fuga de um movimento que, entre avanços e recuos se impôs e , hoje, é reavaliado.
     O professor discorre. Houve uma época, na história do Ocidente, na qual refletir sobre o
homem, falar dele ou escrever sobre ele, era sinal de ousadia, avanço intelectual  e modernidade.
O humanismo estava em alta.
    Hoje, assistimos; discorre o professor: a fenômeno inverso. Faz algumas décadas, que o
homem, sua especificidade, seu caráter de ponto referencial de inteligibilidade e de ajustes
'axiológicos' ( Que constitui ou diz respeito a valores ), caíram em descredito. Ser ou
proclamar - se humanista é ser retrógrado. Pior, é comprometer - se com uma visão de
mundo  e com um sistema de valores que produziram frutos peçonhentos ( como veneno de
serpente ), dos quais 'urge' ( solicitar com urgência ) nos libertarmos. 
   O período de alta do humanismo chamou - se modernidade. Daí, discorre o professor:
Falar - se, hoje, de pós-modernidade. 
   Houve um momento na forte história do Ocidente, no qual a perspectiva humanista de
cultura recebeu alento propulsor.
                                              1).  A Europa em mutação 
    O século XIII marcou o apogeu da civilização cristã ocidental, evidenciando também suas
fragilidades. A partir dos fins do século XIV, com efeito, até fins do século XVI, a Europa
viveu nova época histórica: a do humanismo renascentista, útero fecundo da modernidade. 
   Séculos de efervescência econômica, política, social e cultural. Séculos de revolução reli-
giosa. Séculos que iniciaram a configuração de novo imaginário social, não mais centrado
em Deus, mas no homem como valor supremo.
                                          a) As mudanças sócio econômicas.
    Deram- se elas na direção do crescimento do comercio , quer na Europa, quer da Europa
com o Oriente.  As cruzadas ( 1095 - 1270 ), a guerra dos cem anos ( 1337 - 1453 ) e a das 
duas rosas ( 1455 - 1485 ), a estagnação das atividades agrícolas, os períodos dos desastres 
climáticos, que produziram escassez, fome, peste e morte, com decréscimo violento da
população europeia, são alguns dos fatores que influenciaram na desintegração do
feudalismo e  da economia rural  e no fortalecimento da burguesia comercial, com sede
nas cidades ( os burgos ), cujo ressurgimento começou a operar - se a partir do século
XI ; portanto,ainda na idade Média.
                                              2). As mudanças sócio-políticas
   Evidenciaram - se, sobre tudo, no fato de o poder real sobrepor - se ao dos  senhores
feudais, com a convivência e auxilio dos burgueses. A esses, ciosos de superar  os mil e um
entraves  que a pluralidade do poder político, no feudalismo, criava para o seu comércio,
interessava apoiar  os reis na luta contra a nobreza agrária e contra o poder da igreja.
   Firmaram-se, então, as primeira monarquias nacionais: Inglaterra e França; depois,
Espanha e Portugal seguiram o mesmo caminho. Nascia ai o Estado Moderno.
                                             3). Oque são as monarquias nacionais ?                                                        No final da Idade Média a economia auto-suficiente e o poder descentralizado típicos do feudalismo foram gradualmente substituídos por uma economia comercial e pelo poder centralizador dos soberanos, originando as monarquias nacionais centralizadas, para atender aos interesses dos reis e da burguesia em ascensão. 
    O poder real passou então a ter maior domínio e influência no território europeu, sendo quase tão poderosas quanto a Igreja e o Papa.
    Esse Sistema Político surgiu com o crescimento das cidades europeias e os problemas feudais, algumas partes da Europa o rei assume o posto de controlar e resolver as questões políticas.
       Para recuperar o prestígio e o poder e superar os senhores feudais, os burgueses se tornam aliados dos reis, essa parceria resultada em acelerar a ascensão do capitalismo. Assim os reis e os burgueses tornam-se responsáveis por questões relacionadas a evolução do comércio, questões jurídicas, organização para a cobranças de impostos entre outras. E para firmar e fortalecer o domínio do rei, a corte real passou a ser corte suprema de justiça da nação.
        Com a mudança do sistema político foram formuladas teorias renascentistas, que eram difundidas pela imprensa e que justificavam a centralização do poder real, enfraquecendo a influência da Igreja nos assuntos políticos. O renascimento cultural e a reforma protestante, através das igrejas nacionais, fizeram com que a Igreja se colocasse sob a autoridade dos reis. 

                                              4). As mudanças sócio-culturais.
   Também elas afundaram raízes na própria dinâmica medieval, nas suas limitações e nas
suas contradições, bem como em muitos dos seus valores. O humanismo renascentista não
não significa, pois, ruptura absoluta com a idade Média; muito menos ainda simples
continuidade.  É portanto uma nova época na história do Ocidente, entre o medievo e a
modernidade. 
   Se a idade Média chama-se época de civilização cristã, a modernidade estruturou-se como
espaço de 'laicidade' ( doutrina ou sistema que preconiza a exclusão das Igrejas do exercício do poder político e/ou administrativo. ) cultural e institucional. Nesse sentido, o humanismo 
renascentista colocou os germes da convicção laica, a qual a Reforma e as guerras de religião,
que se seguiram, ajudaram a crescer e a amadurecer.
                                                5). As revoluções religiosas.
    O comprometimento do clero cristão com a ordem sócio-politica medieval, a par das
vantagens de poder que trouxe à igreja , foi responsável por uma série de desgastes morais.
  Enfraqueceu-se, sobremaneira, o específico da função da igreja: sua pregação, sua vivência
e disciplina religiosas. É por isso que, desde o século XIII, senão, antes, frequentes vozes  se
levantaram em prol de reformas, exigidas cada vez mais com insistência  e com mais radicalidade .  
  Bastaria recordar aqui, João Wyclif ( 1320 - 1384 )John Wycliffe
John Wycliffe foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI.
  E João Hus ( 1368 - 1415 ), na Inglaterra e na Boêmia, respectivamente, mas foi na 
Alemanha que explodiu, com êxito, na voz de Martinho Lutero( 1483 - 1546 ). Em 1517,
afixou ele, na porta ta catedral de Wittemberg, suas teses contestadoras. Era o estopim
à explosão que acabou com a unidade religiosa da Europa. Em pouco tempo, várias eram
as confissões cristãs, que divergiam e até, lutavam entre si.
   Nesse quadro torna- se inteligível a nova mentalidade, da qual o humanismo renascentista
é a primeira manifestação eloquente .
                                              6). Humanismo e renascentismo.
   São duas realidades que partem de um mesmo movimento. Existem autores, no entanto,
que falam do humanismo do século XV e do renascimento do século XVI.
      O termo humanismo liga-se à expressão  LITTERAE HUMANAE ( Literatura humana )
em oposição a ( literatura divina: Bíblia, Teologia ).
     Humanistas se diziam, já nos séculos XIV e XV, os cultores da gramática, retórica, poesia,
história e filosofia moral; portanto das humanidades, pois essas disciplinas se julgavam  as mais aptas a formar o ser humano. Os autores gregos e latinos, a partir da segunda metade do
século XIV, passaram a ser olhados como modelos insuperáveis em literatura e mestres
exímios ( que é perfeito, superior, excelente.) de humanidade.  O movimento foi, pois, nos 
inícios, essencialmente literário e se casou perfeitamente com todo afã de renovação cultural
que tomou conta da Itália e, depois de outros países europeus, caracterizando-se por uma
enfatização dos valores humanos, frente a mentalidade medieval, centrada em valores 
religiosos(divino). O termo humanismo, contudo, não existiu na época.
  Foi forjado no século XIX para indicar formação clássica em oposição à científica.  
Passou, depois, a aplicar-se ao movimento dos séculos XV e XVI.

Continua na próxima  
    
       
                                        

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